Isaquias, orgulho nacional (Reprodução Globo Esporte) |
SABORES E MEDALHAS
CLAUDEMIR GOMES
A disputa simultânea, os jogos aconteceram no mesmo
horário, da medalha de ouro no futebol feminino, e da medalha de bronze no
voleibol feminino, nas Olimpíadas de Paris, nos aproximou do entendimento sobre
os sabores das conquistas.
Em 1968, na Bienal do Samba, em São Paulo, Jair Rodrigues
defendeu Canto Chorado, composição de Billy Blanco, que nos emitia sinais:
“No jogo se perde ou se ganha;
Caminho que leva, que traz...
O que dá pra rir, dá pra chorar;
Questão só de peso e medida;
Problema e hora e lugar;
Mas tudo são coisas da vida...”.
Está explicado o porquê das medalhas de prata conquistadas
pelo canoísta Isaquias Queiroz (foto), e pela ginasta Rebeca Andrade reluzirem
mais que a medalha de prata conquistada pela Seleção Brasileira de Futebol
Feminino.
O rubro-negro Manoel Costa – Costinha – quando ocupava o
cargo de diretor de futebol do Sport costumava dizer que: “Vencer é o céu!”
As pratas de Isaquias e Rebeca foram consequência de somas,
conquistas de pontos que deixaram ambos na frente de outros competidores. A
prata do futebol foi a resultante de uma derrota na disputa pela Medalha de
Ouro.
A valorização das medalhas, a importância da conquista, do
pódio têm o mesmo peso. A forma da disputa é que difere. Conceitos diferentes:
soma de pontos e disputa eliminatória.
Ayrton Senna, um dos maiores pilotos da história da Fórmula
Um, nunca escondeu seu dissabor quando chegava em segundo lugar numa corrida:
“O segundo é o primeiro dos perdedores”, dizia contrariando o pensamento da
maioria.
A maioria das conquistas olímpicas traz consigo histórias
de superação, principalmente num País como o Brasil, que não tem uma política
para o desporto. Já tivemos o Conselho Nacional do Desporto – CND – que foi
extinto no governo de Fernando Collor de Mello. Nos dias de hoje é mais fácil,
e mais rentável, investir milhões em festas juninas e carnavais do que assumir
a responsabilidade de desenvolver uma política para o desporto.
Os programas como Bolsa Atleta, e outros mais, funcionam
como cala boca; as federações são sinônimos de agências de viagens, uma vez
que, os presidentes que têm como meta se eternizarem no cargo, trabalham junto
as secretarias estaduais e municipais em busca de passagens para atletas. Nada
mais.
Novas políticas e conceitos educacionais afastaram os
esportes dos colégios.
Mas essa zoeira toda que conhecemos jamais vai tirar o
brilho do nosso ouro. Unifico os metais porque para nossos atletas, diante dos
desafios que enfrentam na busca de um lugar ao sol, bronze, prata e ouro
reluzem na mesma intensidade.
A alegria e o choro que observamos ao final das conquistas
é apenas uma questão de sabores.
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