Foto: Reproução |
LENIVALDO ARAGÃO
O título acima não é uma simples
metáfora para ridicularizar alguns pernas-de-pau que a gente vê por aí, sem uma
melhor capacitação para a prática do ofício que abraçaram.
A
referência que faço é aos autores, a maioria impune, das mortes e agressões
quase mortais, que ocorrem desregradamente no chamado País do Futebol. É a
famigerada “guerra das torcidas”.
Agora
mesmo, no Recife, uma família chora a perda, para sempre, de um ente querido, aniquilado
numa batalha desigual em que uma só pessoa é atacada por um bando. Como se
sabe, um torcedor do Sport foi ferido mortalmente por adeptos do Santa Cruz
após o empate do Rubro-Negro com o Goiás (1 x 1). Torcedores do clube goiano
estavam unidos a uma facção tricolor. Dizem que a vítima teria provocado seus “inimigos”. Nada justifica uma reação do tipo.
Já
morei na Rua Bolivar, onde ocorreu o crime. É uma via situada a poucos passos
do Mundão do Arruda, fazendo esquina com a Av. Beberibe, justamente através do antigo
casarão, que durante muito tempo funcionou como a sede social do Tricolor. Está
situada a uns 20 ou mais quilômetros da Arena, onde a partida foi disputada.
Acompanhei
de perto a transformação e ampliação do Estádio José do Rego Maciel para que recebesse
as seleções de Portugal, Chile, Equador, Irlanda e Irã, na Minicopa. Assim foi popularmente
batizado o torneio comemorativo do 150º aniversário da Independência do Brasil,
realizado em junho/julho de 1972, com 20 seleções internacionais espalhadas por
12 cidades brasileiras. A final teve como palco o Maracanã, onde o Brasil
levantou a taça após derrotar Portugal, por coincidência, nosso descobridor.
Depois
do evento histórico, o Mundão ou Colosso do Arruda passou a ser utilizado normalmente
para consumo local e nacional. Eu trabalhava no Diario de Pernambuco e no Departamento
de Imprensa, hoje Secretaria, do Governo do Estado. Frequentava o estádio por
obrigação e por lazer. Na Minicopa, minha residência serviu como uma espécie de
filial da sucursal do O Estado de São Paulo, O Estadão.
Campeonato
Pernambucano correndo, cansei de ver levas e mais levas de tricolores,
alvirrubros e rubro-negros, passando à minha porta, tudo junto e misturado, às
vezes eu no meio deles, indo e voltando para os jogos, sem que alguma altercação
acontecesse. Talvez uma gozação, uma discussão, mas não passava disso.
Hoje,
o cenário que domina o futebol brasileiro é temerário e aterrador. Jamais
incentivei meus netos a irem aos estádios. Até mesmo em jogos de menor
importância. Não tanto lá dentro porque o policiamento funciona, embora sujeito
a críticas de quem não está sofrendo sufoco no buruçu causado pelos marginais. Fora
da praça esportiva é preciso estar atento, porque quando menos se espera rompe
uma correria, gritos, pauladas, pedradas, tiros. Já me vi em apuros mais de uma
vez sem nada a ver com a confusão dos outros.
De
Norte a Sul do Brasil há gente interessada em dar um basta nesse estado de
beligerância. Defende-se uma legislação especial e rigorosa para enquadrar e enjaular por anos
a fio esses assassinos que longe estão de serem torcedores. Aproximam-se do futebol
para dar vazão aos seus instintos perversos. Vários deles são presos, mas logo
estão na rua, rindo das pessoas de bom senso, por conta da frouxidão da lei. E
não vejo muito interesse dos poderosos em modificá-la. E o futebol vai se tornando
um divertimento cada vez mais perigoso.
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