Foto: Rafael Ribeiro-CBF |
JOGADORES DESCONHECIDOS
CLAUDEMIR GOMES
A Seleção Brasileira enfrenta
o selecionado do Equador na noite desta sexta-feira, partida válida pela sétima
rodada das Eliminatórias Sul-americanas para a Copa de 2026. Em épocas
passadas, a maioria dos torcedores brasileiros saberia o time que o técnico
Dorival Júnior mandará a campo, como também, o nome de todos os jogadores
convocados pelo treinador para os jogos que serão disputados hoje e na próxima
terça-feira.
A convocação do atacante João
Pedro, vinculado ao Brighton, da Inglaterra, clube que atualmente disputa a
Premier League, trouxe ao ar, a pergunta que não quer calar: Quem é este
ilustre desconhecido do torcedor brasileiro?
Uma pergunta que tem sido
feita em relação a outros profissionais, e que por certo, doravante será
repetida com mais frequência. Este é um dos efeitos da internacionalização do
futebol que tem como força motriz o poder aquisitivo dos clubes.
Certa vez, o grande Milton
Nascimento fez um alerta: “Todo artista tem que ir onde o povo está”. No
futebol, hoje considerado um dos maiores negócios do planeta, podemos dizer
que: todo jogador tem de ir onde o dinheiro está. E assim, o Brasil, Argentina
e todos os outros países sul-americanos; africanos; da América Central passaram
a assistir o desenfreado êxodo dos seus bons jogadores. O vai e vem de
profissionais cruzando os céus em busca de novos destinos, se tornou tão
dinâmico quanto o próprio esporte.
O número de jogadores
brasileiros em clubes europeus, e em outros continentes, onde o futebol não é
tão evoluído, mas os investimentos são astronômicos, assim como, essa avalanche
de profissionais de outros países que aportaram, recentemente, no futebol brasileiro
nos levam a entender a nova ordem mundial.
A derrubada de todos os muros
é a resultante da globalização. De repente, todas as barreiras deixaram de
existir, e o ir e vir passou a ser natural e viável para os profissionais da
bola. O problema é que, as gestões dos clubes sul-americanos eram arcaicas.
Nossas máquinas não estavam azeitadas para concorrem com o mercado europeu.
Passamos a ser fabricantes de insumos. Afinal, nossa matéria prima segue sendo
excelente. Entretanto, os nossos clubes não têm condições de dar a elas o
tratamento necessário de lapidação para que se tornem peças valiosas no
universo da arte do futebol.
O desconhecido João Pedro, do
Brighton, assim como, Joelinton, revelado pelo Sport, e que hoje está vinculado
ao Newcastle da Inglaterra, que também disputa a Premier League, são exemplos
dos bons insumos produzidos pelos clubes brasileiros que estão sendo lapidados
no futebol inglês.
O Mundial de Clubes a ser
disputado no próximo ano, com 32 equipes, irá selar a internacionalização do
futebol. A Europa terá 12 representantes e a América do Sul será representada
por 6 clubes. São os dois continentes com o maior número de representantes.
Nenhuma novidade até porque, desde as primeiras edições da Copa do Mundo, a
Europa disputa com a América do Sul a hegemonia do futebol mundial.
A internacionalização do
futebol é uma realidade irreversível. Não adianta traçar paralelo entre o dia
de ontem, e o dia de hoje. O hoje tem que ser a preparação do amanhã, mas a
maioria das pessoas não se desvincula do ontem, razão pela qual seguem patinando
com dificuldade de entrar em sintonia com o novo tempo.
Quando nos conscientizarmos
que, na atual conjuntura, somos meros formadores, e passarmos a agir como tal,
a evolução acontecerá de forma natural.
“Sem sofrimento!”, como diz o
mestre Humberto Araújo.
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