O trote na célebre excursão do Sport terminou sendo verdade
Em pé-Pitota, Furlan, Castanheira, Salvador, Manuelzinho e Zago; agachados – Djalma. Ademir, Pirombá, Magri e Walfredo (Arquivo do Blog) |
Ia chegando ao fim a célebre excursão do Sport ao Sul do Brasil, realizada entre fins de dezembro de 1941 e início de março de 1942. No Rio, já no roteiro de volta ao Recife, viajando de navio, o Sport enfrentou o Vasco e o Flamengo. Venceu os dois. Num jogo disputado em noite de chuva meteu 5 x 4 nos vascaínos, depois de estar perdendo por 3 x 0. Contra o Flamengo, para o qual o Leão havia perdido por 3 x 1, no início da viagem, o encontro valeu como uma revanche. E os pernambucanos foram à forra, derrotando o rubro-negro carioca pelos mesmos 3 x 1.
Por economia, a
delegação leonina hospedou-se nos alojamentos do Estádio de São Januário,
gentilmente cedidos pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, que estava interessado
no atacante Ademir, o Queixada, que terminou ficando por lá.
Na ocasião
houve um célebre trote, assim narrado pelo jornalista Givanildo Alves em seu
livro “História do Futebol em Pernambuco”:
“Após a
magnífica vitória, que no Recife foi comemorada por todas as torcidas,
aguardou-se debaixo de grande expectativa a partida contra o Flamengo, dirigido
pelo famoso técnico Flávio Costa. Pela manhã, no dia do encontro, Zago, Ademir
e Magri levantaram-se cedo e foram fazer a barba no salão do Estádio São
Januário. Zago pegou o telefone e resolveu passar um trote em Pirombá, que
tinha ficado no alojamento.
– Alô, é o
Pirombá?
– É sim, quem
fala?
– Aqui é Flávio
Costa.
– Pois não, seu
Flávio, pode dizer.
– Hoje, depois
do jogo quero falar com você.
– Tá certo, seu Flávio, será um prazer.
Pirombá
imaginou-se logo vestido na camisa do Flamengo. Sentia-se já um homem realizado
no futebol. À noite, ele iria dar tudo se se, mostrando que não era em vão que
vinha se constituindo no artilheiro da excursão, pensava o atacante.
Quando Zago,
Ademir e Magri, e o resto do pessoal (Zago já tinha contado a todo mundo)
voltaram ao alojamento, todos sérios, como se nada tivesse acontecido, Pirombá
deu um pulo da cama:
– Olha, turma, sabe quem ligou pra mim? Flávio
Costa. Ele disse que depois do jogo vem conversar comigo.
Ninguém levou a
sério, E não podia. Ademir começou a rir, o goleiro Manuelzinho também depois
todos deram gostosas gargalhadas. Zago revelou a brincadeira a Pirombá, mas ele
não acreditou, insistindo que tinha sido mesmo Flávio Costa que ligara para
ele, que conhecia a voz do treinador, etc., etc... E Zago disse-lhe mais uma
vez que tinha sido uma brincadeira, que lhe tinha passado um trote. Mas Pirombá
não acreditou.”
Depois de fazer
um breve relato do jogo, o autor escreveu:
“Hibernon Wanderley era o homem mais feliz do
mundo. Mal o jogo acabou saiu voando do campo, pegou um automóvel e se mandou
para a Praça Quinze, a fim de passar um telegrama para sua gente do Recife para
contar o extraordinário feito. As rádios cariocas haviam transmitido o jogo,
mas por segurança, Hibernon preferiu passar um telegrama. Os jogadores tomaram
banho na maior pressa porque ainda iam para São Januário trocar de roupa e
depois dar uma voltinha na zona. Todos saíram, menos Pirombá, dizendo que ia
ficar esperando o treinador Flávio Costa. Ninguém deu importância, mas para
surpresa de todos, o técnico Flávio Costa apareceu mesmo e Pirombá acabou
contratado pelo Flamengo.”
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