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Sport x Palmeiras na fria Garanhuns (Reprodução) |
O frio que o Palmeiras não esperava encontrar no Gigante do Agreste
As notícias da temperatura
baixa no interior de Pernambuco, o que é comum nesta época, só que neste ano o
termômetro está baixando demais, fazem-me lembrar a noite de 22 de novembro de 2003,
quando o Sport recebeu o Palmeiras, no Estádio Gigante do Agreste, em
Garanhuns. O jogo valeu pela etapa semifinal da Série B do Campeonato
Brasileiro – ainda não havia o critério de pontos corridos.
O regulamento era assim: 1ª
fase-todos os times se enfrentando em turno único, com os oito primeiros passando para a 2ª fase, formando dois quadrangulares.
As equipes do mesmo grupo se enfrentavam em jogos de ida e volta. As duas primeiras
de cada chave se classificando para formar o quadrangular final. Dali, saía o
campeão e o vice, que subiam para a 1ª Divisão ou Série A. Como o Sport, os
rebaixados Palmeiras e Botafogo procuravam chegar lá.
O Sport encarava o Palmeiras
mais uma vez. Mas não pôde jogar na Ilha do Retiro. Seu estádio estava
interditado pela CBF. Na terceira rodada do quadrangular semifinal, o Leão perdeu em casa para o Verdão por 2 a 1. Dirigentes
do clube pernambucano invadiram o gramado para protestar contra a arbitragem. E
tome confusão. Na ocasião não houve denúncia, mas, quando as duas equipes
chegaram ao quadrangular final, as imagens do pega pra capar voltaram à tona, e
o caso foi levado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O Sport acabou punido com a
perda de mando de campo, justamente contra o Palmeiras. O Rubro-Negro chiou,
principalmente o técnico Hélio dos Anjos. Segundo o treinador, houve favorecimento
à equipe paulista e ao Botafogo, que também seria beneficiado com a queda do
time pernambucano. O Palmeiras também reclamou, pois achava que deveria jogar
em Maceió, a capital de Alagoas, situada a 170 quilômetros da Suíça Pernambucana.
O goleiro Marcos chegou a dizer que o gramado indicado para o jogo era um
verdadeiro pasto, mais apropriado para botar o gado para pastar, ou seja, se
alimentar. Aos jornalistas ele disse que não conhecia o campo, mas recebera a
informação do lateral esquerdo pernambucano Lucas. Inicialmente, os dirigentes
rubro-negros chegaram a cogitar levar o encontro para João Pessoa, a capital da
Paraíba, que está a apenas 116 quilômetros do Recife. Mais perto do que
Caruaru, portanto. A ideia não colou porque os homens chegaram à conclusão de
que o Almeidão iria se encher de palmeirenses, locais e das cidades vizinhas, e
a canoa iria virar, com os paulistas dominando entre as torcidas. Além disso, o
jogo teria que ser realizado em estádio localizado numa distância mínima de 150
quilômetros do Recife.
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Hélio dos Anjos achou que houve favorecimento para Palmeiras e Botafogo (Reprodução) |
O Porco – prefiro o Periquito,
como era antes – foi de avião para Maceió,
onde ficou se preparando, tendo viajado de ônibus para Garanhuns, na véspera do
encontro. O Sport percorreu antecipadamente os 232 quilômetros que levam da
Capital para a importante cidade do Agreste Meridional de Pernambuco.
Estádio cheio, jogo tenso. O
Sport fez 1 x 0, com Gaúcho. Lá para as tantas, o palmeirense Adãozinho, que
estava muito nervoso, foi expulso. Mesmo assim, o Palmeiras, dirigido por Jair
Picerni, virou para 2 x 1, com Magrão e Edmilson, e fez a festa, com folga,
pois só precisava empatar.
Detalhe curioso e engraçado: no
reservado das autoridades e convidados, no Gigante do Agreste, havia várias
mulheres, esposas e filhas de dirigentes palmeirenses. Como se tratava de uma
cidade do Nordeste, esperavam que o calor dominasse, mesmo em se tratando de
uma partida noturna. Quebraram a cara. A temperatura estava em menos de 20
graus. As coitadas, mesmo acostumadas com o frio da Pauliceia Desvairada, passaram
o jogo todo se encolhendo e reclamando, uma vez que não haviam trazido agasalhos.
Desinformadas, jamais esperavam precisar usá-los em pleno Nordeste.
RECORDANDO
Local: Estádio Gigante do
Agreste, em Garanhuns
Data: 22 de novembro de 2003
Árbitro: Heber Roberto Lopes
Auxiliares: Roberto Braatz e Gilson Bento Coutinho
Cartões amarelos: Vágner Mancini (S); Lúcio (P), Baiano (P), Vágner (P)
Cartão vermelho: Adãozinho (P)
Gols: Gaúcho (Sport), aos 13min, Magrão (Palmeiras), aos 21min, e Edmílson
(Palmeiras), aos 32min do segundo tempo
SPORT: Maizena,
Carlinhos, Gaúcho, Marcão e Magal (Clayson Rato); Ataliba (Weldon), Vágner Mancini,
Cléber e Nildo; Valdir Papel e Ricardinho. Técnico: Hélio dos Anjos.
PALMEIRAS: Marcos;
Baiano, Gláuber, Leonardo e Lúcio; Adãozinho, Magrão, Élson e Diego Souza;
Edmílson e Vágner Love. Técnico: Jair Picerni.
OBS.:
Lúcio é pernambucano, tendo depois defendido o Salgueiro em 2015 e em seguida o
Santa Cruz. Vágner Love ainda joga, militando
pela segunda vez no futebol pernambucano, defendendo o Retrô.
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