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Foto: Rafael Ribeiro-CBF |
CLAUDEMIR GOMES
A derrota – 1x0 – da Seleção
Brasileira para a modesta Seleção da Bolívia, no fechamento das Eliminatórias
Sul-americanas para o Mundial de 2026, foi uma autêntica ópera bufa, para o bom
entendimento do técnico Carlos Ancelotti, o italiano que chegou com a missão de
levar o elenco a realizar grandes exibições, mas sequer nos brindou com uma
opereta. Não vamos creditar ao novo treinador o conjunto da obra. Afinal, ele é
apenas uma peça tampão colocada com o intuito de não deixar tudo escoar pelo
ralo. É importante ressaltar que, durante as Eliminatórias o Brasil utilizou
três treinadores: Fernando Diniz, Dorival Jr. e Carlos Ancelotti. As inúmeras
mudanças não ficaram restritas ao elenco de jogadores e comissão técnica. A
direção do “teatro” também mudou. Mas tudo continua como dantes no quartel de
Abrantes. Acompanhei a Seleção Brasileira em várias edições de Eliminatórias.
Jogar na Bolívia sempre foi o desafio em virtude da altitude. Desumano ou não,
o fato é que a Fifa segue programando jogos para lá. Convenhamos: a derrota –
1x0 – da Seleção Brasileira não foi por conta do ar rarefeito, foi produto de
um time que entrou em campo já com uma formação equivocada. E os estranhos
“estrangeiros” não renderam nada. Ancelotti dirigiu o Brasil em quatro jogos
nas Eliminatórias: Duas vitórias, um empate e uma derrota. Nenhuma apresentação
convincente. Iniciou o trabalho tentando ajustar o setor defensivo que, sob seu
comando não sofreu nenhum gol com a bola rolando – o gol da Bolívia foi de
pênalti – e não pôde contar com algumas peças consideradas pontos de
desequilíbrio. Por certo, a maioria dos jogadores que atuaram neste confronto
no fechamento das Eliminatórias, não fará parte do grupo selecionado para
disputar a Copa de 2026. Menos mal! Os números atestam nossa pequinês. Na
primeira Eliminatória do Século XXI, visando ao Mundial 2002, o Brasil somou 30
pontos; contabilizou 9 vitórias, 3 empates e 6 derrotas. Classificou-se em 3º
lugar. Com um trio de craques – Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho – todos
agraciados com o prêmio de Melhor do Mundo, em diferentes temporadas, a
conquista do Penta foi um tributo ao talento. A Seleção Brasileira foi a
primeira colocada nas Eliminatórias de 2006, 2010, 2018 e 2022, sendo que, na
última não sofreu nenhuma derrota, tendo contabilizado 14 vitórias e 3 empates,
que lhes levaram a somar 45 pontos. O Brasil encerra sua caminhada para ir ao
segundo Mundial dos Estados Unidos com 28 pontos, dez atrás do líder Argentina;
atrás do Equador e igualado com Colômbia, Uruguai e Paraguai. Espero que o
choque de realidade tenha aberto os olhos do técnico Carlos Ancelotti. Afinal,
o grupo de jogadores que tem convocado está mais preocupado em exibir novos
penteados do que apresentar um bom futebol. Esse hábito vem desde os seus
antecessores, mas ninguém conseguiu dar jeito. A turma do Penta deixou claro
que é dos carecas que a bola gosta mais. O técnico Carlos Ancelotti dará
sequência ao seu trabalho em busca de um maior conhecimento sobre o insumo do
futebol brasileiro. Se imaginou que ele teria um trabalho enorme para encontrar
a cereja do bolo, mas pelo visto, a dificuldade será mais ampla. Não vai ser
fácil fazer um bolo que venha conquistar prêmio com ingredientes de qualidade
duvidosa. É mestre! Reger concerto da sinfônica do Real Madri no Bernabeu é bem
diferente do que se apresentar com a fanfarra brasileira na altitude de El
Alto, na Bolívia.
FOTO: Rafael Ribeiro-CBF
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