Copa do Nordeste:

 

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 ACARAJÉ SEM DENDÊ



CLAUDEMIR GOMES

 


Salve o Bahia! Cinco vezes campeão da Copa do Nordeste. Apesar da festa promovida pelos torcedores do Tricolor Baiano, nas arquibancadas da Arena Fonte Nova, neste sábado, o contexto transformou a decisão da edição 2025 da Copa do Nordeste, envolvendo as equipes do Bahia, e do Confiança, na final mais bizarra da competição regional. A distância técnica que separa os dois times é abissal. De um lado o Bahia, que descreve campanha brilhante no Brasileiro da Série A (Primeira Divisão), ocupando, no momento, a quarta posição na tabela de classificação. Do outro lado, o Confiança de Sergipe, que encerrou sua participação no Brasileiro da Série C (Terceira Divisão), na nona posição, na classificação geral. Primeiro é primeiro, terceiro é terceiro em qualquer lugar do mundo. Está explicado o placar agregado de 9x1: Confiança 1x4 Bahia (Arena Batistão, em Aracaju) e Bahia 5x0 Confiança (Arena Fonte Nova, em Salvador).

Nas ruas da Capital Baiana, ninguém riu, ninguém brincou, e olha que havia nove motivos para um grande carnaval. A emoção é um dos maiores componentes das decisões. A expectativa é de que, numa final as forças se equiparam, os times que irão se confrontar são parelhos. Afinal, superaram todos os obstáculos para chegarem ao momento maior, que normalmente é emoldurado por grandes emoções. O Bahia “amassou” o Confiança no primeiro confronto - 4x1 – construindo uma vantagem que levou sua torcida a encomendar as faixas de campeão sem medo de surpresas. As limitações e fragilidade do Confiança deixaram o banquete dos baianos insosso. O acarajé do campeão estava sem sal, e sem azeite de dendê.

A Copa do Nordeste é uma das competições regionais que ganhou força no futebol brasileiro, mas vem sendo dragada pelo calendário nacional, que há muito tempo carece de uma reformulação. Mudança que foi prometida, e está em estudo pela CBF. Imprensada pelo Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Copa Libertadores e Copa Sul-americana, a disputa nordestina sofreu paralisações de mais de dois meses, fato que a relega a um segundo plano de forma natural. O Bahia, que este ano já disputou mais de sessenta jogos, devendo fechar a temporada com o registro absurdo e desumano de mais de 80 , utilizou um time alternativo nos jogos finais da Copa do Nordeste por dois motivos: a fragilidade do oponente (Confiança) e pelo fato de ter como prioridade a classificação para as semifinais da Copa do Brasil.

A internacionalização do futebol é um fenômeno que vem de cima para baixo. As competições estaduais e regionais, que já ocuparam espaço, e tinham realce no calendário, estão se diluindo como as ondas do mar na praia. Final sem emoção não condiz com a alegria que o futebol irradia. E os tambores da Olodum silenciaram.

 

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