ESFRIARAM O CALDEIRÃO!


 

 O Náutico caiu em casa diante do Guarani (Foto: Genival Paparazzi)



Desta vez o Caldeirão não esquentou. O Guarani não permitiu. Ou melhor, esfriou a fervura proporcionada pelos 15.311torcedores, entre eles alguns gatos pingados do Bugre, que compareceram aos Aflitos. A certeza da conquista de mais uma vitória após o 1 x 0 aplicado no Brusque fora de casa, na estreia nesta segunda fase da Série C do Brasileirão, se espalhava desde cedo entre os ocupantes das mesas do Bar de Americano, cujo nome oficial, Bar Alvirrubro, poucos conhecem. O estabelecimento comandado com muita competência e amabilidade pelo proprietário Normar Bortoletti, o popular Americano, um sudestino, marinheiro mercante, que se apaixonou pelo Recife,  funciona em dia de jogo, como uma animada e barulhenta sala de espera para parte da Timbuzada que chega aos Aflitos mais cedo movida pelo desejo de curtir sua ansiedade entre copos de uma “loura suada” e gritos de “Ene-a-u-tê-i-cê-o”. Esse ingrediente não faltou neste sábado (13), acompanhado da certeza de que o time de Hélio dos Anjos obtivesse seu segundo triunfo no quadrangular em que o Timbu está situado, e que levará os dois primeiros colocados às semifinais da Série C, juntamente com idêntica dupla da outra disputa. Definidos os quatro semifinalistas, estes já chegam à próxima etapa com o passaporte carimbados para participarem da Série B 2026.

O otimismo que dominou as conversas entre alvirrubros durante toda a semana, eclodiu nas mesas de Americano, explodiu nas barulhentas e animadas arquibancadas, mas encolheu no gramado do Estádio Eládio de Barros Carvalho, o popular Aflitos. Talvez os apaixonados torcedores do Náutico não tenham se dado conta de que o Guarani, que estreou perdendo também por 1 x 0 para a Ponte Preta, a arquirrival da cidade de Campinas-SP, seja um clube centenário, como o Timbu, de muita tradição no centro futebolístico mais importante do País, e possui na sua estante uma taça de campeão brasileiro na época em tínhamos o decantado melhor futebol do mundo.

Raciocínio dessa espécie não tinha lugar nas mentes dos alvirrubros, que, com justa razão, só pensavam, naquilo, ou seja, mais um passo valioso de sua equipe rumo à Série B.

Costumo dizer que em futebol não existe verdade absoluta, o que foi constatado mais uma vez agora, nos Aflitos. Quando a torcida abriu os olhos, seu time já estava perdendo por 2 x 0, gols marcados aos 21 e 23 minutos de jogo por Bruno Santos e Alan Santos. Para completar, quando o Náutico nesta ou naquela jogada conseguiu criar perigo encontrou no goleiro Dalberson seu maior obstáculo. E para piorar o que já estava ruim, no momento em que a Timbuzada esperava que o time recebesse aquela injeção psicológica para empreender a esperada reação, eis que Vinicius, um dos jogadores mais elogiados no time, desperdiçou um pênalti, permitindo a defesa do goleiro visitante, num chute bem colocado, mas fraquinho. Era o sinal de que a maré não estava pra peixe. E o Guarani continuava perigoso mesmo depois do 2 x 0, tendo chegado a balançar a rede mais duas vezes, porém de maneira irregular.

A essa altura, aquela certeza de que a volta à segunda divisão nacional são favas contadas, já não está tão fortalecida. A  lesão muscular sofrida por Patrick Allan preocupa imensamente, bem como a ausência do centroavante Paulo Sérgio, que não chega a ser um craque, mas sempre dá calor na área adversária.

Domingo que vem (21), o Náutico jogará novamente nos seus domínios. Enfrentará a Ponte Preta, a outra equipe campineira, igualmente centenária e tradicional.  É a hora de esquentar novamente o Caldeirão, e Americano e  Edmilson, o garçom “cria da casa”, botarem a cerveja pra gelar, pois a galera continua acreditando.   

Antes disso, o Náutico torce pelo Brusque neste domingo (14), no jogo contra a Ponte Preta, às 19h. Se o time catarinense vencer, ficam os quatro do Grupo C igualados na pontuação, todos com 3 pontos.

A Macaca estará diante de sua torcida, no Moisés Lucarelli. Mas acabamos de ter mais uma prova de que torcida ajuda, porém quando não é o dia “não há quem dê jeito”, como cantou o inesquecível Nelson Ferreira, no frevo-canção “Bloco da Vitória”.



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