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Foto: Reprodução internet |
CLAUDEMIR GOMES
As atenções estavam voltadas
para o jogo do Brasil com o Chile, válido pelas Eliminatórias Sul-americanas
para o Mundial de 2026. Entretanto, após ver a postagem do mestre, Roberto
Vieira – O adeus do gênio - optei por assistir ao confronto da Argentina com a
Venezuela. Afinal, se tratava da primeira despedida, dentre muitas que estão
por vir, de um dos deuses do futebol, que por tudo que fez, será eterno. Assim
é Messi.
O torcedor argentino abraçou o
momento. O Estádio Monumental de Núñez transbordou de calor humano, ternura,
afeto e gratidão. E o homenageado da noite não se fez de rogado. Com um esforço
sobre humano para domar a emoção perceptível em seus olhos marejados, foi fiel
ao script da festa fazendo, ao seu jeito, um “recital”, que deixou súditos e
admiradores com saudades do gênio que começa a dar adeus.
Enquanto assistia ao jogo
liberei as asas do meu pensamento. Falei cá com meus botões: o futebol – clubes
e entidades – ficou a dever muitas despedidas.
Sonhei com uma festa de
despedida para os meus primeiros ídolos – Humberto e Mário de Pirulito –
referências maiores do Santa Cruz de Carpina nos anos 60 e 70 do século
passado. Quando o mundo não era interligado, era analógico e em preto e branco,
o colorido do futebol era pincelado pelos “craques” de cada cidade. Basta
perguntar ao poeta Xico Bizerra, que ele irá lembrar de Chico Curto, o maior
goleador que o Interior Cearense já viu. O comunicador Waldir Bezerra jura, com
os pés juntos, que “Chico Curto era melhor que Zico”.
Passei a selecionar qual dos
jogadores, que vi como torcedor, e acompanhei como jornalista, que merecia uma
despedida. A lista não tem ponto final. Comecei a lembrar do encantamento
provocado pelas imagens do Canal 100 nas salas de cinema por este Brasil afora.
Eu ficava boquiaberto com aquele balé em preto e branco. Imagens rápidas e
sedutoras como o arco íris.
As lembranças são para sempre.
Mas a despedida é a forma de materializar a gratidão. Tará, Traçaia, Detinho,
Lula Monstrinho, Ivanildo Espingardinha, Manoelzinho, Lula, Caiçara, Gena,
Alemão, Manga, País, Baixa, Mazinho, Luciano Velozo, Givanildo, Bita, Nado,
Vasconcelos, Beliato, Marlon, Zé do Carmo, Henágio, Ricardo Rocha, País, Edson
Ratinho, Nunes, Joãozinho, Betão, Ribamar, Ailton, Durval, Magrão, Kuki,
Leonardo...
O jogo acabou! Messi marcou
dois gols. Um toque sutil, produto de sua genialidade, abriu o placar que
poderia ter sido fechado com outra obra de arte não fosse míseros centímetros
que lhes deixaram em impedimento. A jogada foi tão espetacular que se o árbitro
auxiliar tivesse fechado os olhos ninguém iria reclamar. Afinal, estávamos
vivenciando o início da finitude de uma das carreiras mais fantásticas do mundo
da bola.
As lembranças têm prazo de
validade sim. Elas se vão junto com as gerações que testemunharam os fatos. O
primeiro jogo de futebol que assiste no Recife foi no início da década de 60,
na Ilha do Retiro, um Sport x Santos. Meu pai – Jaime Gomes – me levou para ver
o Rei Pelé. Como era especial ver os jogos dos Náutico na Copa do Brasil.
Desfile de craques do Santos, Palmeiras, Botafogo, Cruzeiro...
O mundo está plano e
interligado. Assistimos, em tempo real, jogos de todos os continentes. Nos
campos por esse mundo afora brotam craques todas os dias. Mas é como você se
sentar debaixo de um pé de manga e começar a chupar as frutas. Todas são doces,
mas cada uma tem seu sabor próprio.
Messi é único, assim como
foram Pelé, Maradona, Zico, Tostão, Garrinha, Ronaldo, Rivaldo, Zidane, Dirceu
Lopes, Ronaldinho Gaúcho, Rivelino, Falcão, Ademir da Guia, Humberto, Pelado,
Mario de Pirulito, Chico Curto, Luís Doidinho...
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