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| Foto Rafael Ribeiro-CBF |
PRESTÍGIO
ABALADO
CLAUDEMIR GOMES
O mestre José Joaquim Pinto de
Azevedo, que mantém sua atenção voltada para as coisas importantes do futebol,
me enviou os números de uma pesquisa publicada pelo jornal O Globo. O resultado
é uma prova inconteste do afastamento do torcedor com a Seleção Brasileira, que
já foi uma unanimidade nacional, e hoje detém a fidelidade de apenas 33,3% dos
brasileiros.
Na busca por uma resposta
convincente para esse desamor me deparei com várias alternativas: os 23 anos
que separam de um título mundial; o distanciamento dos jogadores com a torcida;
o fato da maioria dos jogadores atuarem em clubes europeus; o isolamento
imposto pelo profissionalismo; a série de escândalos que marcou a passagem dos
últimos presidentes da CBF. Os fatores acabaram por criar um prato indigesto.
A mudança de cenário dar-se-á
com a conquista de um novo título, o sonhado hexa, no Mundial do próximo ano,
que terá como novidade três países sedes – Estados Unidos, México e Canadá – e
um aumento do número de seleções, pulando de 32 para 48.
Seleção Brasileira sempre foi
o suprassumo para jogadores, mídia e torcedores. Segue sendo uma meta para os
profissionais. Ser convocado para defender a Seleção é um plus na carreira.
Disputar uma Copa do Mundo com a camisa mais vitoriosa da competição – cinco
títulos – é uma valorização imensurável. Para os profissionais da imprensa,
seguir os passos da Seleção Brasileira é mais valoroso do que qualquer curso
universitário. Ser escalado para cobrir um Mundial é o mesmo que fazer o
mestrado mais concorrido de todos os países. Por duas décadas - 1977 a 1997 –
fui escalado como enviado especial do DIÁRIO DE PERNAMBUCO Pernambuco para
cobrir a Seleção Brasileira. Além de quatro edições de Copa do Mundo – 1982,
1986, 1990 e 1994 – várias de Copa América; Eliminatórias, amistosos no Brasil
e no exterior e torneios internacionais. Onde a Seleção Brasileira fosse lá
estávamos representando o DP. A camisa amarela, até então com apenas três
estrelas no peito, era respeitada e festejada nos quatro cantos do planeta. Um
fascínio que levava profissionais a esforço que se confundia com “loucura”,
como a extraordinária aventura vivenciada pela equipe da Rádio Difusora de Limoeiro,
para cobrir um jogo da Seleção Brasileira com a Bolívia em Santa Cruz de La
Sierra. A equipe formada pelo narrador, João Jovino, o comentarista, Laureano
Silva e os repórteres Napoleão de Castro e Carlos Alfeu, percorreu 14.659 km
para cobrir a estreia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias Sul-Americanas
para o Mundial de 1986. Uma “louca” aventura que foi destacada pela Revista
Placar na sua edição de nº 785, que chegou às bancas em 8 de junho de 1985.
Folgo em ver o esforço de profissionais, como o comentarista, Maciel Júnior,
hoje vinculado à equipe da CBN/Recife, para cobrir o dia a dia da Seleção sob o
comando do técnico Carlos Ancelotti. O Brasil “estrangeiro” precisa
reconquistar o torcedor brasileiro. A única forma de atingir tal meta é
levantar o título mundial em disputa no próximo ano. E tudo voltará a ser como
dantes no quartel de Abrantes.
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| Carlo Ancelotti vai devolver o prestígio à Seleção? Foto: Rafael Ribeiro-CBF |
Afinal, como assegura o sábio
Manoel Costa – Costinha: “Vencer é o Céu”. Do tri ao tetra o Brasil amargou um
jejum de 24 anos. Mesma distância que separa as Copas de 2002 e 2026. Se tornar
real o sonho do hexa, Carlos Ancelotti irá se deleitar com a “dolce far niente”
reservada aos grandes campeões.


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