A INTERNACIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL

 

 

Estádio Santiago Bernabeu (Foto: Wikipédia)

 


Por CLAUDEMIR GOMES



 

O futebol internacional invadiu os nossos lares, preencheu nosso tempo e provocou um choque de realidade ao escancarar a distância que separa o Continente Europeu do resto do mundo. Os investimentos feitos nos grandes clubes do Velho Continente criaram um abismo econômico e estabeleceram uma diferença entre classes, fato que transformou os clubes de outros continentes em meros formadores. Nesta quarta-feira (22/10) aconteceu o fechamento da terceira rodada da temporada 2025/2026 da Champions League. Nas 18 partidas realizadas foram registradas 9 goleadas; mais de 70 gols marcados, com média de 4 por jogo. Para que o leitor tenha ideia do que representam os números, na 29ª rodada do Brasileiro da Série A, disputada no final de semana, tivemos o registro de 22 gols nas 10 partidas disputadas, e apenas uma goleada – 4x0 – na vitória do Bahia sobre o Grêmio.

O projeto da Fifa de realizar uma Copa do Mundo de Clubes a cada quatro anos, intercalando com as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Seleções, consolida a internacionalização, uma vez que impacta nas competições continentais. Flamengo e Palmeiras estão disputando as semifinais da Libertadores e, simultaneamente, brigando pelo título do Brasileiro 2025. Evidente que, a prioridade de ambos passa a ser a competição sul-americana, visto que, o campeão tem presença assegurada na próxima edição do Mundial de Clubes, previsto para 2029. Em recente viagem ao Rio de Janeiro, ao me apresentar para o check-in no hotel, me foi oferecido um “combo” – ingresso + traslado + guia – para o jogo Flamengo x Cruzeiro, no Maracanã, por R$ 600,00. O argumento de segurança, conforto e comodidade, uma vez que a van lhe apanha e lhe deixa no hotel é tentador. Mas quem se detiver ao custo verá que a diversão sai por quase meio salário-mínimo por pessoa. Enfim, o povão não pode mais ir aos estádios.

Enquanto assistia ao bom jogo Real Madrid 1x0 Juventus, válido pela terceira rodada da Champions, fiquei a imaginar qual seria o custo para ver, das cadeiras do Santiago Bernabeu, este clássico do futebol europeu? Vale lembrar que, um tour pelas dependências do estádio do Real Madri custa 35 euros por pessoa. O equipamento recebe, em média, três mil visitantes por dia. Os números explicam, e até justificam, como os grandes clubes europeus investem na formação de verdadeiras seleções mundiais, fato que torna pouco provável que algum clube sul-americano, em uma futura edição, venha conquistar o título de uma Copa do Mundo.

No Mundial de Seleções a realidade é outra, pois todos os países classificados têm em seus elencos, jogadores que atuam em clubes da Europa. Eis a razão pela qual quem conquistou títulos no Século XXI chega com crédito na competição. Estamos vivenciando o melhor momento do futebol nacional e internacional pós-pandemia. Os estádios estão cheios lá e cá. Mas com um público diferente, mais abastado. As atuais arenas não possuem as românticas gerais, abrigo do povão. Até as rádios transmitem os jogos dos seus respectivos estúdios. Sinais dos tempos. O torcedor raiz, sem grana no bolso, assiste tudo pela televisão e arrisca uma fezinha na Bet. Hoje (22/10) até no Bernabeu tinha propaganda de Bet. É um show! E viva a internacionalização!

(Escrever para Claudemir Gomes)

 

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