O VELHO DIÁRIO






Tempos bem vividos



LENIVALDO ARAGÃO


 

Como recordar é viver, aí está minha carteira profissional, quando do meu ingresso como repórter esportivo do Diario de Pernambuco, que há dias festeja 200 anos de atividade. Fui levado para lá pelo narrador (o antigo locutor esportivo) Célio Tavares, Cleo, que comandava a área esportiva no DP e na Rádio Clube de Pernambuco.

Carteira assinada em 16 de setembro de 1958. Eu já era foca, ou cupincha, como se chamava quem estava começando no rádio e no jornal. Havia começado a cupinchar na velha PRA 8 em 1957. Já morando no Recife, vez por outra levava uma notícia do Ypiranga, de minha querida Santa Cruz do Capibaribe, para o locutor Edécio Lopes, egresso da Rádio Difusora de Limoeiro, divulgar no seu programa “No Interior e nos Pequenos Clubes”, transmitido diariamente às 17 horas. O criativo Edécio me convidou para comparecer mais frequentemente ao Palácio do Rádio Oscar Moreira Pinto. Comecei a ajudá-lo, fui aparecendo, aparecendo e acabei ficando. Depois de um bom tempo pegando a prática, fui contratado.

 

 

Paralelamente, tinha carteira assinada pela Rádio Clube, a badalada PRA 8, como redator – na época, as resenhas esportivas eram redigidas, nada de improviso, e pelo Diário, na condição de repórter. Ambos faziam parte do conglomerado Diários e Emissoras Associadas, pertencente ao paraibano de Umbuzeiro, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Ainda imberbe cheguei a ser apresentado a ele. Num sábado por volta da meia-noite, “Doutor Assis” invadiu a redação do Diário, na Praça da Independência, mais conhecida como Praça do Diário ou Pracinha. Estava acompanhado do secretário da Redação, Antônio Camelo, que apresentou um a um os poucos jornalistas que ainda estavam no batente, no fechamento da edição dominical do velho DP. O jornal que ia para a rua aos domingos não era antecipado como hoje.

O então maior jornalista-empresário da comunicação

brasileira, estava voltando de uma de suas costumeiras viagens à Europa. Descera no Recife, escala obrigatória, para reabastecimento do Constallation da Panair do Brasil, depois da travessia sobre o  Oceano Atlântico.

Pouco tempo depois, os Associados de Pernambuco (Diário de Pernambuco, Rádios Clube e Tamandaré e TV Rádio Clube) tinham à sua frente o dinâmico e irrequieto engenheiro e jornalista Fernando Antônio Chateaubriand Bandeira de Melo, um dos filhos do dono da empresa.

No Diário, inicialmente comandado por Cleo e depois em longo tempo por Adonias de Moura, a equipe inicialmente era pequena, e a gente tinha que se virar nos trinta. Cobri Náutico, Santa Cruz, Sport, Íbis, Great Western (depois Ferroviário), América, Vovozinhas e por aí vai. Além das madrugadas no aeroporto esperando algum craque ou um time passar, fosse brasileiro ou estrangeiro.

Deixei a velha Casa em 31 de maio de 1976 para trabalhar na florescente Revista Placar. Minha escala seguinte, após vários anos, i o Jornal do Commercio, já na fase do empresário João Carlos Paes Mendonça. Tempos bem vividos, também.

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