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| Foto: Reprodução TV Globo |
GUERRA LEONINA
CLAUDEMIR
GOMES
Nuvens negras e traiçoeiras pairam sobre a Ilha do Retiro. A tribo leonina está em pé de guerra. Tudo por conta do jogo – Sport x Flamengo – que será disputado no próximo sábado, na Arena Pernambuco. A partida, que inicialmente havia sido programada para a Ilha do Retiro, foi transferida porque os gestores do Sport negociaram o mando de campo, presenteando o clube que ainda luta para tirar do rubro-negro pernambucano o título mais valioso de sua história. Ao testemunhar tamanho desastre, Luciano – O Grande – na condição de maior conquistar de títulos na história do clube leonino, convocou o exército bivariano para uma batalha cuja finalidade é depor o rei que está de plantão na ilha mais cobiçada do Recife. “Vamos tomar a Ilha como o exército otomano tomou Constantinopla!”, bradou Luciano – O Grande – com a autoridade de quem conhece cada palmo daquele chão que tem a marca registrada dos seus antepassados. No alto do romântico sapotizeiro, um pombo-correio leva a mensagem: “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.
Recado dado, o Rei Romão, que
já havia pedido desculpas aos seus súditos por ter “vendido” a dignidade do
clube, numa ação que beneficiará um adversário fidagal, reuniu seus cavaleiros
conhecidos como CEOs, numa távola retangular, e desabafou: “Já estou careca de
dizer que, por mais que aquele velho escriba me chame de paraquedista, daqui
não saio, daqui ninguém me tira”. O Urubu da Gávea, que causou todo esse
rebuliço, ao sobrevoar a Ilha do Retiro observou que o teto da majestosa sede
havia sido posto abaixo. Sem saber por qual razão, mandou um recado para animar
seus milhares de seguidores que aportarão na Arena Pernambuco, no próximo
sábado: “A fortaleza do Leão já começou a ruir!”. Maldade.
A Torcida Jovem conhecida como
o “Exército Amarelo”, PHD em plantar o terror em dias de jogos acalorados,
deitou suas armas e se posicionou como público para assistir à elite se
digladiar. “Não vamos ser aliados de ninguém”, ecoou a voz de comando dos
amarelinhos.
Nas redes sociais, tribuna
livre dos tempos modernos, os boatos, hoje tratados como Fake News, alcançam
uma velocidade absurda. “Luciano – O Grande – tá virado num mói de coentro!”,
posta um agitador sem esconder sua simpatia pelo exército bivariano. “Calma! Os
alquimistas estão chegando. Eles têm a fórmula da salvação. Nossa fortaleza
seguirá em pé”, assegura o estafeta do Rei Romão.
Um carro preto decorado com
luzes azuis e amarelas estaciona na frente da sede do Sport, na Ilha do Retiro.
Lá do alto, onde se planta a cumieira, dois urubus com camisas do Flamengo
confabulam em animada azaração: “Se não for a Federal é a funerária”, diz o
urubu, um deixando escorrer pelo canto do bico sua baba de veneno. “Ainda bem
que essa briga por poder não é igual a que estamos acostumados a testemunhar no
Rio de Janeiro. Aqui ninguém vai morrer”, pondera o urubu dois.
O carro preto nem era da PF,
nem da funerária. Era a turma do Ministério Público que, após receber um
manifesto contendo graves denúncias, foi se certificar da veracidade dos fatos.
Ao cruzar o portão da Ilha do Retiro, a turma do MP foi surpreendida com a
faixa: “Sport: Ame-o ou Deixe-o!”. E ninguém soube dizer se a mensagem foi para
Luciano – O Grande – ou se foi para o Rei Romão. Interrogações como essa são
comuns em tempos de “guerra”.
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