![]() |
| Foto: Reprodução |
Pelé, Gena e Zito Peito de Pombo
O Central entrou no Campeonato
Pernambucano em 1961. Sempre revelou
muitos craques. Seus jogos, no então Estádio Pedro Victor de Albuquerque, o
antigo Central Parque, hoje Estádio Luiz
José de Lacerda, o Lacerdão, empolgava Caruaru e as cidades vizinhas.
A ida de qualquer um dos três
grandes do Recife à antiga Terra dos Avelozes se constituía numa festa. A BR
232 era invadida por um grande número de automóveis, chegando, às vezes, a
haver engarrafamento, principalmente na Serra das Russas, naquele tempo com
apenas um leito de estrada para mão e contramão.
Além das cobras criadas, a
Patativa vez por outra lançava um garoto saído das divisões básicas, muitos trazendo
o carimbo do esforçado e competente Cóia, o treinador da meninada.
Zito foi um deles. Vigoroso,
com seu futebol elegante e vistoso, logo substituiu o volante Pissica, um dos
esteios iniciais do Alvinegro, mas em fim de carreira.
Uma das primeiras formações do
Central, com Zito titular, em Caruaru, num jogo contra o Náutico, foi Dudinha;
Da Cunha, Edmilson, Jucélio e Nenzinho; Zito e Guimarães; Leonardo, Pinheiro,
Esquerdinha e Fernando Lima.
Ainda tinha Vadinho, irmão de
Edmilson, popularizado como Misso. Os dois eram filhos do empresário do
transporte interestadual de passageiros Lourival José da Silva, meu conterrâneo
de Santa Cruz do Capibaribe, que antes de se antecipar politicamente pertencia
a Taquaritinga do Norte.
Dono da empresa Princesa do
Agreste, Louro, o homem dos ônibus, era um dos colaboradores do Central. Os filhos
não tinham salário e sequer recebiam bicho nas vitórias e empates do Alvinegro.
Vadinho, além do Náutico e do Sport vestiu as camisas do Santos de Pelé, e do
São Paulo. Esse intervalo para falar sobre Louro e seus filhos teve o objetivo de mostrar o ninho
de cobras em que o volante Zito estava metido.
Depois de brilhar intensamente
na Patativa, em 1967 o volante Zito chegava
ao Arruda, a convite de Waldomiro Silva, conselheiro, ex-treinador do Santa
Cruz e um caçador de talentos para o Mais Querido.
No Tricolor, Zito fez história.
Começou nos aspirantes, mas logo subiu para o elenco principal. Participou da
conquista dos cinco títulos que levaram o Santinha a se sagrar pentacampeão
pernambucano, de 1969 a 1973. Gilberto; Gena, Rivaldo, Paulo Ricardo e Botinha;
Zé Maria (Luciano) e Zito; Fernando Santana (Walmir), Ramon, Betinho e Erb,
esta uma das formações do Tricolor em 1973, o ano do Penta.
![]() |
| Foto: Reprodução |
Ainda hoje Zito é festejado,
tanto em sua terra, como nas Repúblicas Independentes do Arruda. É uma presença
certa na festa anual denominada Dia do Boleiro. Muito requisitado para os
bate-papos, quando há uma brechinha, ele aparece junto ao conjunto que anima os
festejos, soltando com seu vozeirão um belíssimo acervo de músicas românticas.
Na época de Zito, o Santa Cruz
realizou memoráveis e espetaculares campanhas no Campeonato Brasileiro, naquele
tempo tratado simplesmente como o Nacional.
Em 7 de outubro de 1973, um domingo
ensolarado, 19.917 pagantes, que
proporcionaram a renda de 274.880 cruzeiros, viram, no Mundão do Arruda,
sob a arbitragem de José Marçal Filho (RJ), o Santinha derrotar o Santos por 3
x 2, gols de Ramon (2) e Luciano (de pênalti) para a Cobra Coral, Brecha e Pelé
para o Peixe.
O Santa alinhou Gilberto;
Gena, Rivaldo, Paulo Ricardo e Botinha; Givanildo, Fernando Santana (Zé Maria)
e Luciano; Wilton, Ramon e Erb.Técnico: Paulo Emílio.
O Santos contou com Carlos; Hermes, Carlos Alberto, Vicente e Zé Carlos; Clodoaldo, Mazinho e Leo
Oliveira (Brecha); Eusébio (Cláudio Adão), Pelé e Edu. Técnico: Pepe.
![]() |
| Pelé e Ramon: Foto do Arquivo |
Apesar de ter conseguido balançar
a rede aos 42 minutos do segundo tempo, Pelé recebeu uma esplêndida marcação de
Zito. Naquele dia o Rei teve que se curvar ao brilho demonstrado pelo craque de
Caruaru, do qual levou um “chapéu”, ou “banho de cuia”, como queiram, para gáudio
– como dizia o narrador Cesar Brasil - da torcida coral. Quatro dias depois, o time
do Santa viajava para jogar no Sudeste. Na escala em Salvador, os santistas,
que tinham saído do Recife para atuar na capital baiana, entraram no avião,
pois seguiriam no mesmo voo para São Paulo.
Formaram-se aqueles grupinhos
de conversas. Pelé batia um papo com Gena, seu amigo, quando viu Zito
esparramado numa poltrona, parecendo um paxá. Perguntou ao lateral tricolor:
“Quem é aquele Peito de Pombo ali, que me marcou domingo?” O apelido pegou na
hora e acompanha Zito até hoje.
“É um apelido fraco, dado logo
por quem? Pelo rei do futebol”, costuma brincar o alegre Peito de Pombo.
Hoje, residindo em Jaboatão
dos Guararapes, Zito não esquece sua terra natal. Vez por outro dá um pulo na
Capital do Agreste, onde tem parentes, amigos e muitos fãs de uma geração de
torcedores de cabelos já embranquecidos.
Se derem uma chance, Zito
Peito de Pombo abre o vozeirão, divertindo gregos e “trorianos”, como dizia um
antigo presidente do Central, cujo nome não declino por ele já não estar entre
nós e não poder contestar, embora o que estou dizendo seja pura verdade.
Fotos: Reprodução
(ATENÇÃO:
Já está no YouTube a
segunda edição do BOLA EM FAMÍLIA, comandado por Marcelo Aragão e contando com
minha participação. Muitas histórias pitorescas sobre o Íbis, considerado o
pior time do mundo. Confira!)




Comentários
Postar um comentário